Aceitei a proposta ciente que não será fácil

A antiga presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, Alice Mabota, apresentou na manhã desta segunda-feira, no Conselho Constitucional, a sua candidatura à Presidência da República com objectivo de, segundo ela, mudar o rumo que o país está a tomar.
Numa cerimónia bastante concorrida por pessoas, na sua maioria mulheres camponesas, a Coligação Aliança Democrática (CAD), apresentou todos documentos necessários para a candidatura de Alice Mobota à cargo de Presidente da República, nas eleições de 15 de Outubro próximo.
Na sua declaração à imprensa, Mabota disse que já algum tempo que vinha sendo assediada por várias personalidades para concorrer às eleições para cargo de Presidente da República. Segundo a candidata, depois de uma profunda reflexão e consulta junto da sua família acabou aceitando.
“Aceitei a proposta ciente de que não será fácil. Existe uma máquina e um modelo eleitoral que constitui um desafio imenso para a viabilização da nossa candidatura. Mas isso não me assusta. Sei que sou pequena. Mas, a vontade de mudar o rumo do país e recolocá-lo no percurso do progresso é muito forte que não permite desistir”, começou por explicar a fonte.
Alice Mabota acrescentou que esperava que outros cidadãos assumissem o desafio e concorrem em alternativa aos candidatos dos partidos dominantes na nossa política.
“Infelizmente isso não aconteceu e, então, decidi dar o passo porque os nossos jovens, as nossas crianças, os nossos idosos, as nossas mulheres, os homens deste país, merecem o melhor”, disse ela.
Anos de luta
Numa outra abordagem, Alice Mobota falou dos longos anos que travou batalhas em prol dos direitos humanos, tendo dito que graças aos seu trabalho logrou influenciar a aprovação de de várias leis e adopção de convenções internacionais que permitiram o país trilhar o importante e irreversível caminho do Estado de Direito Democrático.
Apesar desse contributo, por via de movimento cívicos, nos últimos anos vemos o país a regredir no que ao Estado de Direito Democrático e justiça social, diz respeito. Perante os desafios que se generalizam, desde área económica, social”, disse.
” Não temos uma varinha mágica. Temos o nosso compromisso, a nossa vontade de servir a nossa nação e contamos com a contribuição de cada um. Por isso com esta candidatura, convidamos todos os cidadãos moçambicanos em todo o território nacional e até na diáspora, a embarcarem connosco nesta jornada de construção de um Moçambique”, disse.
Bandeira da sua luta
Alice Mabota esclareceu ainda que a defesa dos direitos humanos vai ser, caso venha a ser eleita, a bandeira da sua governação.
“Esta é a grande bandeira. Quando olho para aquilo que aconteceu ao longo destes trinta anos, penso que até alguns jornalistas me ajudaram a crescer e outros estavam a pensar que estavam a fazer para que eu caísse. Mas, essa ajuda de desejo de morte, a primeira mulher a ser desejada a ser violada e morta pelos criminosos para sentir que não devo defender bandidos. Como eu tinha uma convicção de que não estava defender bandidos, estava a dizer que eles merecem ser tratados com dignidade e todos acabaram por perceber”.
“Esta bandeira consegui até certo ponto e, devo dizer que a partir de mais ou menos 2010, comecei a sentir que os direitos humanos estavam a regredir. Ao longo de muitos anos que nós vivemos num Estado de partido único, várias coisas que aconteciam mas estavam melhor. Hoje eu confesso que continua a haver execuções sumárias, cadeias superlotadas, que estavam cheias mas não superlotadas. A questão dos cidadãos camponeses nas suas terras naquilo que as duas leis dizem: Lei mãe, que é a constituição e Lei de Terras que regula aquilo que o Estado diz que dá e como o Estado está mais virado para enriquecer alguns deixar os outros enquanto podemos caminhar todos.