Polícia em Lichinga usa gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes contra mortes maternas

A polícia moçambicana usou, no sábado, 31, gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes contra mortes maternas, no Hospital Provincial de Lichinga, capital do Niassa. O Hospital Provincial de Lichinga tem sido alvo de críticas, em particular nas redes sociais, por estar a registar um elevado número de mortes maternas e neonatais alegadamente inexplicáveis. A marcha de sábado foi organizada por jovens estudantes e activistas sociais de diferentes organizações. Juntaram-se ao grupo familiares, amigos e colegas de mães que perderam a vida recentemente naquele hospital. “Queremos parteiros, não assassinos”, ouve-se num dos vídeos da marcha de, pelo menos, 250 jovens vestidos de preto, simbolizado luto. Alguns dos manifestantes foram temporariamente detidos. Niassa é tida como a província menos privilegiada de Moçambique, um país com a taxa de mortalidade materna das mais elevadas do mundo – 489 mulheres morrem em cada 100 mil nascimentos. A acção da polícia foi já condenada pelo Fórum Mulher, rede de organizações feministas moçambicanas. “Como rede e movimento de mulheres repudiamos todas as práticas e acções que atentam contra os direitos humanos das mulheres”, escreve o Fórum na sua conta do Facebook.