Covid-19 e o horizonte sombrio

Depois da Segunda Guerra Mundial, há cerca de 80 anos, quase um século, tivemos que enfrentar diferentes situações adversas em muitas regiões ou países, crises diplomáticas, confrontos militares violentos, crises políticas, económicas e até de saúde, mas, apesar de tudo, o mundo continuou a avançar, criando mais desenvolvimento económico e fortalecendo a sociedade com um padrão de vida, conhecimento e liberdade mais elevados.
Porém, inesperadamente, de um dia para o outro acordamos numa manhã com algo que não sabíamos, e como já foi mostrado, o mundo não estava preparado, a Covid-19. Uma doença extremamente letal e contagiosa que se espalhou pelo mundo, com uma rapidez inesperada, nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento, um vírus que atravessa fronteiras com uma velocidade impressionante, como está sendo demonstrado, e não respeita ninguém, todos nós podemos cair nas suas garras mortais.
De repente, o mundo fica doente, paralisado e perplexo com a situação que este vírus descontrolado está a causar globalmente, com mais de 55 milhões de pessoas infectadas e quase um milhão e meio de mortos, até hoje, sem saber qual o número de pessoas que vão morrer, serão infectadas ou afectadas no futuro.
Apesar dos avanços médicos e científicos impressionantes e dos imensos esforços e recursos que estão sendo investidos no combate a essa doença, ainda, depois de quase um ano, sabemos muito pouco sobre esse vírus que está a matar em silêncio. Em suma, parece que teremos várias vacinas que estarão disponíveis nos primeiros meses do próximo ano, o que sem dúvida será um avanço para diminuir a propagação de infecções, embora haja ainda pontos a serem definidos, como o tempo, e o tempo que a protecção dura.
Também parece que está sendo investigado um medicamento ou medicamentos que reduzem a doença e possivelmente no futuro será possível curar, mas o nosso inimigo além do vírus é o tempo.
Para reduzir as infecções a um nível aceitável e nos dar segurança, segundo os cientistas, seria necessário vacinar 70 porcento da população mundial, ou seja, cerca de 5.500 milhões de pessoas do mundo teriam que ser vacinadas, o que em logística é muito complicado, também exigiria um investimento económico impressionante, meios de saúde e controlo permanente. Sem dúvida que teremos que nos acostumar a continuar convivendo com o vírus como convivemos com a gripe, ou outras doenças importantes, por um longo período, que hoje não podemos determinar o que cria insegurança e, sem dúvida, confusão.
Actualmente temos duas situações que nos afectam e debilitam enormemente, por um lado o mundo está doente, mas, por outro lado, parou, não há actividade económica ou social, o desemprego aumenta e com ele a vulnerabilidade de milhões de famílias.
A Covid-19 mudou a nossa vida, a nossa forma de viver, de trabalhar, de nos relacionarmos com os outros, até com as nossas famílias, estamos preocupados e ao mesmo tempo temos medo das coisas que fazíamos naturalmente, pois antes tivemos uma vida.
Não sabemos como será o nosso modo de vida depois da Covid-19, mas é quase certo que não será o mesmo que desfrutávamos antes do vírus. Vamos mudar a nossa forma de trabalhar, vamos usar o trabalho remoto através de plataformas electrónicas, vamos viajar menos, possivelmente a nossa forma de nos relacionarmos socialmente vai mudar, vai haver um importante avanço tecnológico que nos obrigará a fazer mudanças na nossa vida. Tudo isso vai afectar mais as pessoas idosas, que sem dúvidas serão marginalizadas nesta nova etapa.
Sem dúvidas que será diferente e teremos que aprender e nos adaptar, porque serão mudanças para ficar e nas quais as grandes empresas de tecnologia têm grande interesse em promover e desenvolver para seu próprio benefício e controlo de tudo o que se desenvolve através das redes tecnológicas, empresas que a cada dia controlam mais as nossas vidas, mesmo a privada, sem controlo. O mundo está sempre em mudança constante, mas a Covid-19 está a mudar-nos rapidamente.