África pode perder quase 240 mil milhões de dólares neste e no próximo ano
O economista-chefe do Banco Africano de Desenvolvimento, (BAD), considerou hoje que África pode perder quase 240 mil milhões de dólares neste e no próximo ano devido à pandemia, que torna provável uma crise da dívida.
“As perdas cumulativas no Produto Interno Bruto no continente podem oscilar entre os 173,1 mil milhões de dólares [147 mil milhões de euros] e os 236,7 mil milhões de dólares em 2020 e 2021, e a pandemia da covid-19 ameaça aumentar o fardo da dívida dos países de 60 para 70% do PIB, aumentando a probabilidade de uma crise da dívida soberana”, escreve Charles Leyeka Lufumpa.
Numa nota divulgada na semana em que o BAD, realiza os seus Encontros Anuais, lê-se ainda que “o financiamento adicional necessário para acomodar as consequências da crise pode chegar aos 150 mil milhões de dólares”.
África, escreve o economista, “chegou à crise numa forma razoavelmente boa, no seguimento de décadas de progressos na saúde, educação e economia” e com o investimento, e não o consumo, a sustentar mais de metade do crescimento económico do continente, que será interrompido este ano pela primeira vez, prevendo-se uma recessão à volta de 4%.
No entanto, “numa parte do mundo onde 85% da população ganha a vida no sector informal, o desemprego originado pelo vírus pode empurrar mais 28 a 49 milhões de pessoas para a pobreza extrema, e se as acções adequadas não forem tomadas, o impacto da crise e da insegurança alimentar e da má nutrição pode ser ainda pior que o previsto”.
África “precisa de respostas políticas robustas em todos os países”, defende o economista, que é também o vice-presidente do BAD para a Governação Económica e Gestão do Conhecimento.
O continente, salientou, “deve dar prioridade à despesa em saúde para garantir equipamento e materiais de proteção pessoal essencial, à aceleração da produção local de materiais médicos e descoberta de vacinas e medicamentos”.