A desgraça que Moçambique escapou

A explosão que na semana passada matou 137 pessoa podia ter acontecido em Moçambique, senão fossem disputas financeiras e por violar leis de navegação marítima, tendo a carga sido posteriormente transferida em 2014 para um armazém onde se deu a explosão. Novas revelações apontam que o nitrato de amónio, que terá estado na origem das explosões, teria sido encomendado pela Fábrica de Explosivos de Moçambique.
A afirmação é de Boris Prokoshev, o capitão do navio que transportava o material e que foi apreendido pelas autoridades libanesas em 2013. Prokoshev, agora na reforma, reiterou que o destino do nitrato de amónio era o Porto da Beira, numa conversa com a agência Associated Press.
Prokoshev acrescentou que, na viagem, o navio de carga transportava 2.750 toneladas de “um químico altamente combustível” da Geórgia para Moçambique quando foi obrigado a fazer um desvio para a capital do Líbano.
Em Beirute, foi pedido à tripulação que carregasse o navio com algum equipamento rodoviário pesado e o transportasse para o porto de Aqaba, na Jordânia, antes de seguir a viagem para Moçambique, onde o nitrato de amónio deveria ser entregue.
O navio, contudo, nunca chegou a abandonar o porto de Beirute.
Numa entrevista à Rádio Liberdade, da Sibéria, na Rússia, Prokoshev reiterou que o navio pertencia ao cidadão russo Igor Grechushkin, que ignorou o assunto e não respondeu aos apelos da tripulação e dos advogados para pagar as taxas e continuar a viagem.
Entretanto, a publicação sul-africana Daily Maverick garantiu que o empresário russo Igor Grechishkin recebeu um pagamento de um milhão de dólares pela carga, através de uma transferência feita pelo Banco Internacional de Moçambique.